Web-exposição “Prospecções Afetivas em Tempos de Pandemia”

Web-exposição “Prospecções Afetivas em Tempos de Pandemia”

ICON (IHAC/UFBA) participa da web-exposição “Prospecções Afetivas em Tempos de Pandemia” com o gamearte “Maze of Life”

O ICON – Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Interatividade, Computação e Novas Interfaces – sediado no IHAC/UFBA, sob a coordenação pelo professor Francisco Barretto – foi convidado para participar da web-exposição “Prospecções Afetivas em Tempos de Pandemia“, realizada pelo Medialab – Laboratório de Pesquisa em Arte Computacional da Universidade de Brasília. A web-exposição acontece no formato online, contando com uma série de obras de artistas de diversos estados do Brasil, além de incluir alguns artistas de outros países (ver ficha técnica).

A web-exposição conta com a curadoria de Artur Cabral e, segundo escreve Suzete Venturelli no site oficial, a intenção é refletir sobre “O que afetamos e o que nos afeta?”. Mais adiante, ainda elabora que “Estamos vivendo um novo ciberespaço, além do que já foi imaginado pela ficção científica e que encontramos na literatura. No re-design de um novo espaço de colaboração, no qual podemos nos encontrar para compartilhar ideias com arte, design e tecnologia é que a exposição, intitulada Prospecções Afetivas, apresenta aventuras insurgidas em tempos de pandemia.”

Neste contexto, o ICON desenvolveu um gamearte chamado “Maze of Life“, que propõe ao jogador o desafio de encontrar a saída de um labirinto gerado através da evolução de autômatos celulares baseados no Game of Life, uma homenagem ao John Conway. Durante o percurso, o interator possui um campo de visão limitado, proporcional ao grau de transparência e à quantidade de dados disponíveis sobre os casos do coronavírus na região do jogador. Enquanto se movimenta no labirinto, é possível encontrar outros agentes inteligentes que são oriundos dos dados georreferenciados extraídos em tempo real do Twitter. Do ponto de vista sonoro, a trilha do jogo é composta utilizando sons baseados na vida cotidiana pré-isolamento social e é processada de maneira dinâmica de acordo com o deslocamento do jogador.

Mais informações estão disponíveis na página do game e no instagram do laboratório (@lab.icon).

SOBRE O ICON

O ICON – Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Interatividade, Computação e Novas Interfaces – está localizado dentro do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Prof. Milton Santos (IHAC) na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e tem como principal objetivo desenvolver pesquisas de relevância e impacto acadêmico, além de fomentar a inovação artística, científica e tecnológica. Estas pesquisas conduzidas no laboratório devem oferecer aos estudantes de graduação e pós-graduação um ambiente inovador e criativo a fim de fomentar o desenvolvimento acadêmico e profissional dos envolvidos.

Fundamentado em um tripé ARTE/CIÊNCIA/EDUCAÇÃO o espaço busca estabelecer parcerias com centros e pesquisadores nacionais e internacionais. Estas parcerias têm como função criar uma rede de pesquisa sólida, capaz de fomentar o desenvolvimento das pesquisas realizadas no âmbito do laboratório e de oferecer aos pesquisadores e artistas de outras instituições um espaço capaz de recebe-los para desenvolver trabalhos científicos e artísticos.

Descrição/justificativa mais elaborada da obra:

Um dos efeitos colaterais do isolamento social é o aumento do uso de plataformas e ferramentas digitais que impactam diretamente na quantidade de dados gerados e consumidos diariamente. Ao mesmo tempo, faltam dados e informações confiáveis, capazes de auxiliar a tomada de decisão e o combate/contenção da disseminação do novo coronavírus. Nesse contexto se faz importante refletir sobre qual o papel e o impacto desses dados na nossa percepção, afeto e decisões. De um ponto de vista metafórico, podemos compreender esse processo de tomada de decisão como um percurso em um labirinto escuro que não conhecemos, com um campo de visão limitado pelas informações que temos.

Além disso, as janelas virtuais e reais talvez nunca tenham ocupado um lugar tão destacado quanto ocupam hoje. O uso das plataformas e ferramentas digitais é realizado através das interfaces gráficas que utilizam a metáfora das janelas (windows). Todos os jogos, sites, redes sociais, aplicativos de videoconferência se dão através da utilização destas janelas virtuais, que permitem que sejam criados e mantidos os laços afetivos de maneira remota. Por outro lado, as janelas reais tornaram-se também um espaço de convivência, manifestação e afeto passando a ocupar um espaço antes reservado às ruas.

As relações físicas que envolvem contato interpessoal também ocupam um lugar importante no imaginário da pandemia pois determinam a taxa de disseminação do vírus. Esse contato entre diferentes agentes faz emergir, no sentido coletivo, uma nova composição social que pode, de certa forma, ser comparada ao Game of Life, ou Jogo da Vida. Este jogo, criado pelo matemático John Conway, se baseia em regras simples para determinar se uma célula (indivíduo) que compõe uma espécie de tecido social deve morrer, permanecer viva ou nascer baseada na relação com seus vizinhos.

Maze of Life é um gamearte que se debruça sobre estas questões, propondo ao jogador que encontre a saída em um labirinto gerado através da evolução de autômatos celulares baseados no Game of Life, uma homenagem póstuma ao Conway. Durante o percurso o interator possui um campo de visão limitado, proporcional ao grau de transparência e a quantidade de dados disponíveis sobre os casos do coronavírus na região do jogador. Durante a sua caminhada o jogador pode encontrar outros agentes inteligentes que se deslocam no labirinto e são oriundos dos dados georreferenciados em tempo real do Twitter. Do ponto de vista sonoro, a trilha do jogo foi composta utilizando sons baseados na vida cotidiana pré-isolamento social e é processada de maneira dinâmica através do comportamento do jogador.

Por fim, caberá ao jogador trilhar seu próprio caminho no labirinto e decidir se irá interagir com os outros agentes e, portanto, se expor à possibilidade de contaminar e ser contaminado com o vírus.